Porque às vezes a gente precisa chorar um pouco

E no último dia da viagem eu chorei no chuveiro.

Pode ter sido a garrafa de vinho de 2,49 euros que eu comprei no Dia% e que eu tinha tomado sozinha.

Pode ter sido mesmo a tristeza de deixar Lisboa, um lugar que em pouquíssimo tempo tocou meu coração de um jeito que eu não esperava. 

Mas pode ser também porque, no último dia, encasquetei de pensar em você. 

Essa viagem foi planejada sem te incluir quando ainda estávamos juntos. Teve sim ares de afronte, já que nos últimos tempos suas únicas prioridades eram suas viagens de montanhismo, nunca nossas viagens como casal. E isso me machucava demais porque viajar com você era uma coisa que eu gostava muito de fazer. Mas, ao mesmo tempo, nossas viagens juntos sempre foram muito suas. Você planejava tudo, escolhia as datas, reservava os hotéis, alugava os carros, lia os mapas, escolhia os roteiros. Eu só ia. 

Essa viagem foi minha. Só minha. Eu planejei, comprei, paguei, organizei tudo. Sozinha. Eu morri de orgulho de mim mesma, metendo a cara na cidade, mapa na mão, andando, me perdendo, me virando. E no último dia eu quis demais que você tivesse me visto fazendo tudo isso apenas porque você não achava que eu seria capaz. 

E eu tive raiva de mim por pensar em você. E acho que foi por isso que eu chorei (mas o vinho de 2,49 euros definitivamente ajudou). 

Não é justo. 

Mas é a vida.


Lisboa me recebeu fria e chuvosa mas no fim do dia me deu um arco-íris de presente. Fui embora morta de amor jurando que volto.

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